domingo, 25 de janeiro de 2009

UM POEMA DE AGENOR BEVILAQUA


POEMINHA PARA VARIAR

Chego aos avançados oitenta e oito,
ainda a fazer versos bem disposto.
Há quem faça versos bem melhores;
os meus, porém, com rimas, não são dos piores .
Sou incansável e persistente buscador da beleza,
a ela chegando com elegância, graça e certeza.
Diversificar é um verbo por mim apreciado;
o mesmismo, em minha vida, só tem me desagradado.
Ser muito carinhoso é bem minha maneira
de paquerar a encantadora mulher brasileira.
Não pensem que eu não gosto da francesa;
uma delas, boazinha, é para mim minha princesa.
De me julgar, leitor, não tenha pressa;
será sempre amena e boa minha conversa.
O mais belo e amado nome de mulher é Maria;
a mais linda delas amei tanto quanto podia;
mandei-lhe uma mensagem por um passarinho,
pedindo-lhe que viesse aquecer meu ninho.
Nas minhas noites mal dormidas e de insônia
muito eu penso em como defender a Amazônia.
Quatro anos tem minha bisneta Isabella,
que tanto me encanta tudo que vem dela.
A outra, sua irmã, garota linda, Giovanna,
me disse um dia destes: Vô, você é um bacana.
Ama tua mulher, filhos, netos e bisnetos,
usando assim, apropriadamente, os teus afetos.
Louvando o Brasil, e que tem minha concordância,
Olavo Bilac disse: -Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste;
Compatrícios; Não existe no mundo, tão bom, outro país como este.

(o às vezes poeta AB)

* * * * * * *
Por aqui você pode visitar o blog do Sr. Agenor Bevilaqua, intelectual granjense, residente em São Paulo, e veja textos interessantes relacionados ao município de Granja.

Clique no link abaixo:

http://omundoqueeuvi.blog.com

INSTITUDO JOSÉ XAVIER


Conheça o Instituto José Xavier, que vem mostrando sua importância na preservação da história do município de Granja.

Clique no link abaixo:

http://institutojx.tripod.com/

IGREJA DO PARAZINHO - GRANJA-CE



A Igreja de Nossa Senhora do Livramento, no Parazinho, com suas cores antigas e novas.
O que você acha da mudança?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

UM FENÔMENO DA NATUREZA


Carnaubeira de 8 galhos, uma anomalia rara, na localidade de Urtiga, Granja-CE. Observe, porém, que 2 galhos já foram quebrados, restando apenas 6.



Uma correção: Fiquei sabendo que a Urtiga, supracitada, fica, na verdade, no município de Camocim. Perdão aos camocinenses...


Mas fotografei, hoje mesmo(15-03-09), outra carnaubeira também de 8 galhos. Desta vez todos intactos e no município de Granja, na localidade de Angicos, perto do Veado Bravo.

Confira as fotos.





Veja detalhes abaixo:



domingo, 18 de janeiro de 2009

UM POEMA DO PADRE OSVALDO CHAVES*


A GRANJA DOS SÉCULOS

A Natureza, enamorada, um dia,
Pôs um beijo de amor e simpatia
Na face do sertão.
E esse beijo fecundo fez brotar
Entre as brisas do mar e o fogo do deserto
- Granja - o pátrio rincão.

E hoje, a fim de observá-la,
Detenho o passo, absorto viajor:
A terra é boa. A natureza é bela.
Contemplo-a em derredor:
O rio!...
Olha também:
Também o rio
Represou na Barragem para vê-la.
Mas vê-la é enamorá-la, e o rio não sabia.
É vassalo, é escravo do oceano,
Não pode demorar-se.
Fita-a por um momento.
E, de despeito,
Precipita-se do alto da parede,
Como o rio do poeta, e cai desfeito
Em vísceras de espuma e de arco-íris.
Um escravo não desposa uma rainha:
Na dor da frustração, em ondas multifárias,
Tristonho e saudoso vai seguindo
Seu destino de águas tributárias...
Para a rainha - um rei!
O mar é um rei.
Mas, feroz e sombrio,
Um tigre de ciúmes,
Tem ciúmes do rio.
Por isso,
Desde mais de dois séculos, vem,
Sorrateiramente,
Duas vezes por dia impreterivelmente,
Para ver a cidade dos seus sonhos.
E, na doce viagem,
Traz-lhe sal, e traz peixe, e traz conchinhas,
E um abraço de posse, largo, de oceano...

E a cidade, tão meiga e conjugal,
Sorri-se ao mar.
E em resposta aos carinhos
Cochicha-lhe, talvez, uma promessa em segredo.
E o mar vai-se de novo, e ela pensa no mar...

Pensa. .. Mas pensa mais nos seus filhos,
Vive mais para eles.
E, se um deles morreu,
Silente e lacrimosa sobe a sepultá-lo
Ali perto, bem alto, numa esplanada de outeiro,
Porque quer vê-lo já perto do céu.

E eu vejo agora a Granja do passado,
Redivivo, glorioso, retratado
Num cenário de sonho.
Silêncio.
A noite é tropical. O luar é lindo.
E a cidade parece
Uma virgem de mármore dormindo.
O espírito de Lívio vagueia
A vigiar-lhe o sono.
Eternizado em seus vinte e seis anos
Lívio Barreto, pálido, romântico,
Passeia pelas ruas
Vendo em cada janela os cravos brancos
Que as mãos dolentes da prateada lua
Derramam em profusão.

E o poeta vai clamando. ..
Eu o ouço ainda clamando: .
Umbelina! Umbelina! Estela, Estela!
Sonho de adolescente, sonho vão. . .

Agora,
Somente agora é que o poeta colhe
Os seus
brancos soluços de alvorada,
Os cravos brancos que plantou no coração
.

Silêncio para dor.
Meu poeta, silêncio: a Imortalidade
É a tua Verônica...

Há um sussurro de notas, um tropel de acordes,
Trêmulo, soluçante, irradiando
Das paredes que foram Filarmônica.
A lua
Continua
Como prata.

O vento,
Sonolento,
Açoita e zine.
O espírito melódico de Ciarlini
Pulverizou-se em luz, pulverizou-se em sons,
Encheu de fosforescências a alma desta terra,
E Granja adora a música.
Beethoven, Rubinstein, Debussy
E Tchaikovski ainda agora
Têm cultores aqui.
O frêmito dos teclados dos pianos
É uma mediunização.
O saxofone lânguido da esquina,
Com o boêmio violão das serenatas,
É vida, é organismo, é evolução.

E os tamarindos velhos, ah! se eles falassem!
Recordações
De infâncias dos tempos que volveram
Trepam-lhes pelos galhos
E enroscam-se nos troncos
Que as brisas livres dos séculos enegreceram.
O nosso avô menino...
O nosso bisavô...
Paula Pessoa, o Senador...

E o Pessoa Anta
Brincando à sombra deles aguçava
Os instintos de libertação da grande Raça
Para a Confederação do Equador:
"Soldados, apontar! Certeiro ao coração!"
E Granja ia escrevendo a pátria História,
E o Padre Mororó, rolando no Passeio,
Contava para a glória
Um companheiro igual.

Maior que isto, ó Granja, só o grande ideal
De tua religião.
Retas como a verdade,
As torres da Matriz são dois braços alçados:
Um marcando o tempo
E o outro nos apontando a eternidade.
São as torres dois braços levantados
Para o céu,
Em prece vertical.
E o sino badalando é uma grande harpa eólia,
Um tenor de metal.
Um badalo sorrindo
Diz adeus a um anjinho.
Um badalo chorando
Anuncia angustiado...
Era pai e morreu. Era mãe e morreu.
Era irmão, era filho, era esposo e morreu...
Bem... muito além... Bem... muito além...
No céu nos veremos, no céu nos veremos...
Um badalo cantando,
Um badalo chorando,
Um badalo chamando
Para os pêsames,
Para a prece,
Para o amor
E para as núpcias.
Noitários, procissões e a alvorada das bandas...
Vejo o padre Galvão e Vicente Martins:
Almas de impávidas Vestais, almas irmãs,
Guardam o fogo sagrado
De cultura e de fé das gerações cristãs
De cem e mais cem anos.
Granja de um,
Granja de dois,
Granja dos séculos!
Debaixo deste céu tão azul e tão puro,
A minha musa ingênua de criança
É hoje uma canção de inteira confiança
No teu futuro!

Boa terra,
Minha musa criança é hoje um hino
De gratidão a ti:
Granja dos carnaubais, Granja de São José,
Foi no teu seio que eu primeiro
Amei a terra, reconheci a Raça e exercitei a Fé.

Granja de gente boa,
Foi em ti que aprendi a confiar no Povo
Cuja voz de trovão reboará em ecos
Dentro da História, eternos, no porvir.
Granja no Brasil
E a Pátria pelos séculos!

Granja, 30.08.1957


*Pe. Osvaldo Carneiro Chaves nasceu a 21 de outubro de 1923, no sítio Angelim, distrito de Sambaíba , município de Granja, Ceará. Filho primogênito de Manuel Chaves Fernandes e Maria Carneiro Chaves.

Compôs, aos 17 anos, os versos que mais tarde seriam a letra do hino do município da Granja.

Criador de um vasto acervo poético, permite, em 1985, que publiquem o livro Exíguas, lançado em 1986 e relançado em 2007, acrescido de nonos poemas.

UM POEMA DE CHICO BORBOLETA*

VIVA A CARNAÚBA

Apelo ao homem do campo,
Ao amigo agricultor,
Que não mate a carnaúba
Porque ela tem valor!
Pois respeite a natureza,
Aquilo que Deus deixou.

Entre todas nossas árvores,
Para mim, ela é a rainha:
Da palha se faz a saca
Pra botar feijão e farinha;
Da mais curta se faz ripa
E a mais comprida dá linha.

Se a cortarem ainda verde,
Eu sei que o sertão se arrasa.
Só cortem as que estão secas
Pra fazerem nova casa,
Que a mão que mata o verde
Muito na vida se atrasa..

Zelemos o carnaubal,
Que ele sente-se feliz.
É o progresso do interior,
Como todo mundo diz...
Seu olho vai pro chapéu
E a cera ao sul do país.

Dá emprego ao camponês
Durante todo o verão.
O caroço engorda o porco,
A bagana aduba o chão.
E a safra da carnaúba
Já virou uma tradição.

E dá sombra aos animais
Nas horas quentes do dia.
Vende-se a vassoura ou pó
Em qualquer mercearia.
As raízes dão garrafada
Que a mulher adoentada
Bebendo fica sadia!


* Francisco Pereira de Paula, mais conhecido por Chico Borboleta, nasceu em 07 de maio de 1966, na localidade de Tabuleiro do Altino, Granja – CE. É filho de Benedito Guilherme Pereira e de Neuza Chagas de Paula.
Cursou Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

sábado, 17 de janeiro de 2009

SÍMBOLOS DA GRANJA - HINO


HINO

Letra: Pe. Osvaldo Carneiro Chaves
Música: Joaquim Carneiro Magalhães

Quando o sol rasga a bruma da alvorada
Descobre entre perfumes e verdores
Um berço de cortina aurinevada
Coberto por dossel de lindas cores:
É Granja que nas margens situada
Do Rio Coreaú, plena de amores
E de encantos diz ser a pátria amada,
Mãe querida que acalma as nossas dores.

Granja de Lívio Barreto,
Rica terra abençoada:
Em teu seio é doce a vida,
Terna mãe, Granja adorada.

Teu seio é para nós o de mãe pura,
Alenta-nos na dor e na amargura
E dá-nos o calor de ternos ninhos.
Sentimo-nos felizes, berço amado,
Debaixo deste céu sempre azulado,
Cobertos pelo véu de teus carinhos.
Granjenses, pela glória do Brasil,
Lutar, lutar com fogo juvenil!


Granja de Lívio Barreto,
Rica terra abençoada:
Em teu seio é doce a vida,
Terna mãe, Granja adorada.

SÍMBOLOS DA GRANJA - BRASÃO







BRASÃO

SÍMBOLOS DA GRANJA - BANDEIRA







BANDEIRA

GRANJA: TENDA DE GRÃOS

UMA SÍNTESE DA ORIGEM DA GRANJA

Este imenso território, do qual faz parte a nossa Granja, era habitado por diversas tribos indígenas: eram Tabajaras, Coansus, Tremembés, Anacés, Arariús...Vivendo basicamente da caça e da pesca, das serras às praias, eles eram os senhores absolutos dessas terras.
Depos, piratas europeus começaram a penetrar pelo Rio da Cruz a fim de praticar, com os aborígines desta ribeira, o escambo, que era a simples troca de mercadorias. Os forasteiros ofertavam ferramentas e objetos de uso pessoal, no que os índios retribuíam com madeiras, animais, pássaros e outros produtos nativos.
Com a chegada dos padres jesuítas, há mais de três séculos, alguns chefes Tabajaras, juntamente com os jesuítas sob a liderança do Padre Ascenso Gago, introduziram na ribeira a pecuária bovina, que teve bastante sucesso.
Em fins do século XVII, navegantes luso-brasileiros penetranvam pelo rio Coreaú, agora para praticar o comércio com os nativos. Assim, mais tarde, foi fundado um pequeno porto mercante à margem esquerda do rio Coreaú, que ficava a três quilômetros abaixo da atual Granja.
Mais tarde aquele local passou a ser chamado de Oficinas, por ser utilizado para o abate de gado, preparação da carne de charque e seu embarque para exportação.
Documentos antigos comprovam que, por aquela época, já existia, no local onde hoje se situa a cidade, uma pequena aglomeração de moradias: era, na verdade, o embrião da Granja. Uma pequena aldeia à margem esquerda do rio Coreaú.
Chamava-se aquela povoação de Santa Cruz do Coreaú e Camocim que, com a chegada de povoadores brancos, começou a prosperar. Isso despertou o interesse de povos e mais povos brancos, e também de indígenas, que migravam de outros recantos desta região em busca de um lugar mais desenvolvido, onde tivessem melhores condições de vida.
A partir daí, o povoado passou a chamar-se Macaboqueira. A origem desse vocábulo tem apresentado divergências. Para alguns historiadores, Macaboqueira quer dizer - maus caboclos -, numa referência aos imigrantes nativos, que eram considerados homens maus pelos brancos. Já para outros, o topônimo vem de macabacuera, que da língua indígena traduz-se palmeira velha (macaúba ou macaba: palmeira - cuera: velha).
Um daqueles colonos, o donatário de nome Vicente Ribeiro, doou o patrimônio da Igreja Matriz. Começou, então, a originar-se ali, ao redor de sua fazenda, uma povoação. Era a Aldeia de Santa Cruz, a célula inicial da Granja, cidade da qual é considerado fundador.
Muitos foram os povoadores importantes que contribuíram para o progresso daquela aldeia que, em 27 de junho de 1776, foi elevada à categoria de Vila com o nome definitivo de Granja.
Aquele aglomerado perdurou 78 anos na condição de vila. Somente em três de novembro de 1854, através da Lei Provincial nº 692, foi elevado à categoria de Cidade, sendo governador da Província do Ceará o padre Dr. Vicente Pires da Mota.
O nome Granja, que significa sítio, fazenda, é uma homenagem à Freguesia de São Brás da Granja, distrito de Évora, em Portugal, país de onde vieram muitos dos colonizadores desta terra.
____________________________________
A palavra GRANJA vem do latim - granea - derivada de granum = grão. Inicialmente era apenas o lugar onde se recolhiam e se tratavam os grãos (milho, cevada, trigo, arroz, feijão...), depois passou a significar herdade, sítio, fazenda.
Termos cognatos: granjeiro e, por extensão também, granel, granjear e até granito.
Palavras correspondentes em outras línguas:
Inglês: Chicken
Espanhol: Granja
Francês: Ferme
Italiano: Casscina
Alemão: Hühnerfarm

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PONTE SOBRE O RIO COREAÚ - GRANJA-CE

Ponte metálica, ao anoitecer:

uma maravilha do século XIX.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

LÍVIO BARRETO - Poeta granjense

ESPERA E CRÊ

Meu amor, meu amor! A nossa estrada
Como é cruenta! Como é dolorosa!
Só nossa crença guia-nos, e nada,
E nada mais, ó minha pobre rosa!

Do horizonte na bruma silenciosa
Não aparece a estância alva e sagrada
Que há de guardar tua alma carinhosa
Como um ninho uma pomba fatigada.

Pálida e triste, angélica e franzina –
Fitas o olhar na solidão imensa
E o desalento enubla-te a retina.

Espera e crê! Por entre a treva densa
Há de brilhar a estrela peregrina
Que há de guiar-nos pelo azul suspensa...