quinta-feira, 19 de março de 2009

MITOTÔNIO E A PANELADA ASSASSINA

Encontramos, na Folha Online (São Paulo), datada de 03/06/2003, a curiosa matéria sobre o lendário jogador granjense, o Mitotônio, que deu nome ao estádio de futebol da Granja. Confira.


“Artigo: Mitotônio e a panelada assassina

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

Mitotônio almoçou panelada - cozido tipicamente nordestino de vísceras de bode - e foi trabalhar. Era 1º de abril de 1951, mais um domingo de sol e calor em Fortaleza.

Durante o expediente, sentiu-se mal e foi levado a um hospital. O diagnóstico: congestão estomacal aguda (ou acúmulo excessivo de sangue no estômago). Mitotônio morreu.

Acontece que Mitotônio era ponta-esquerda do Ceará e formava, ao lado de Hermenegildo, uma temida dupla de ataque. O binômio almoçar panelada e jogar futebol custou sua vida, mas o transformou numa lenda do futebol cearense.

Mitotônio era um cabra chegado a façanhas. Comandou, por exemplo, um show do Ceará contra o Sussex Trader (Inglaterra), clube que excursionou pelo Brasil em 1949. Os ingleses perderam de 16 a 0 numa jornada histórica da equipe brasileira.

Anos antes, em 1942, foi bicampeão estadual num time que tinha como zagueiro central o voluntarioso Vinte e Oito.

Fosse jogador profissional nos tempos de hoje, jamais teria comido panelada antes de uma partida de futebol.

A nutrição assumiu, em todos os esportes, um papel preponderante da década de 90 para cá. E a tendência é que as benesses da boa e adequada alimentação incrementem ainda mais o rendimento de esportistas de alto nível.

É pena que o folclórico Mitotônio não teve a oportunidade de desfrutá-las.

Fonte: www1.folha.uol.com.br/.../ult1419u17.shtml

segunda-feira, 9 de março de 2009

TRAGÉDIA DA PEDRA DA ONÇA

...... A Pedra da Onça é uma grande formação rochosa, localizada entre a Granja e a Sambaíba, em cujo topo há uma bacia que no período chuvoso acumula bastante água, formando uma piscina natural, que recebe o precioso líquido diretamente das nuvens.

.....Lá do alto, tem-se uma vista privilegiada, apesar da sensação estranha que se sente naquele lugar ermo e exótico, principalmente para quem conhece sua história....

.....Conta a tradição que há muito tempo as mulheres dos arredores custumavam lavar roupas à beira daquele belo e insólito reservatório. Com aquela enorme laje, era um lugar ideal para baterem e quararem a roupa ao sol. Certa vez, uma dessas mulheres tendo ido para lá com sua trouxa, estava demorando muito a retornar a casa. Depois de várias horas de espera, seus familiares dirigiram-se até a pedra à procura da lavadeira. Chegando lá, depararam-se com sua roupa completamente estraçalhada, sangue e restos do seu corpo, que eram aproveitados pelos urubus. Logo perceberam claros indícios da visita de um onça, que de lá saíra saciada.

....Desde esse episódio, lavadeira alguma jamais se atreveu a galgar aquela rocha com sua trouxa de roupas. Só os abutres ainda hoje rondam aquele recanto, belo e ao mesmo tempo sinistro, à espreita não se sabe do quê.

domingo, 8 de março de 2009

POEMAS DE LÍVIO BARRETO


POBRE!

Diz essa gente que te vê curvada
Continuamente, ó meiga criatura,
Para o cesto da alvíssima costura,
Que és pobre, e que por isso és desprezada.

Por isso mesmo eu vejo-te acanhada
Entre as outras buscando a mais escura
Penumbra, inútil para tanta alvura,
E pra tanta beleza ignorada.

Ignorada, sim, minha açucena;
Ignorância que me causa pena
E me faz rir ao mesmo tempo, louca!

Pois eu bem sei o quanto és rica, eu sei-o:
Se tens só duas pérolas no seio,
Tens um milhão de pérolas na boca!

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MAGOADA

Corpo de anjo, coração de hiena!
.........................PAULA NEI

Vais desdenhosa e pálida passando
No vitorioso azul da adolescência,
Como uma flor ao sol se estiolando,
Perdendo as cores e perdendo a essência.

Freme teu riso arregaçando a rosa
Do lábio ungido de ironia e dor!
E és sempre a mesma, cândida orgulhosa,
Olhar de hiena, coração de flor!

E hás de viver assim eternamente
Altiva e fria, irônica, impassível,
Alma d'anjo mimosa e recendente
Cedo crestada ao sopro do impossível!

Subiste ao céu no teu amor primeiro
D'onde caíste inopinadamente!
E viste frio, ó coração ardente!
Morrer teu sonho branco e feiticeiro!

Tem o triste gemer das casuarinas
O teu sereno olhar, deusa sombria –,
E a luz crepuscular da nostalgia,
E a majestade de um palácio em ruínas!


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NO CAMPO

I
.....Cai o vento da tarde.
Folhas secas no espaço remoinhando
Lembram bandos de pombas levantando
.....O vôo, de assustadas...

Passam rindo e cantando
Comboieiros além pelas estradas.

.....Na calma do sol poente
Vem sobre os campos uma paz austera.
.....Balam saudosamente
Os rebanhos que descem dos oiteiros;
Correm, saltando, os trêfegos cordeiros
Ao curral que os espera.

.....Dois pombos num telhado,
Alvinhos como a pluma de algodão,
.....Num idílio sagrado
Noivam sob as cortinas da amplidão.

.....É quase noite. O poente
Inda apresenta um luzimento de oiro...
.....Urra furiosamente
No fim da várzea um corpulento toiro,
Moitas torcendo e levantando poeira...

.....No alpendre onde me acho
Passa um morcego e agita, voando baixo,
As duas asas moles como cera...

II

Doiram-se ao longe os cimos dos oiteiros
Aos moribundos raios do sol-poente;
Recolhe o gado ao canto dos vaqueiros,
E os bezerrinhos berram longamente.

A noite desce religiosamente,
Recebem-na as boninas nos canteiros.
E as corujas nas cercas, nos aceiros,
Soltam seus pios, lúgubres, plangentes.

Nos brejos, nos açudes, nas vazantes
Cantam sapos; e, trêmulos, errantes,
Os pirilampos surgem nas encostas...

E entre listrões de púrpura, vermelhos,
A serra é como um homem de joelhos
Tendo um globo de fogo – a luz, às costas
.
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O SONO DO CORAÇÃO

Silêncio na rua. Que longa tristeza
.....Paira no ar frio e pesado:
Oh, lua de junho, que incutes tristeza
.....Como um castelo abandonado;
.....Como a visão de um mau passado,
.....Como uma vela ao dia acesa!

Nas telhas das casas distantes, cintilas
.....Pólen de prata do infinito!
Oh, lua de junho, das tuas pupilas,
.....Silenciosa, sem um grito
.....Deixas rolar o pranto aflito
.....Em ondas claras e tranqüilas.

O vento tardio da noite murmura
.....No campanário abandonado.
Oh, lua de junho, tão triste, tão pura
.....No teu roupão aurilavrado,
.....És como um cravo desbrochado
.....No azul monótono da altura.

As aves noturnas, piando, na Igreja
.....Roçam co’as asas nos altares.
Oh, lua de junho, no alto sobeja
.....A luz que deixas, pelos ares,
.....Em flocos, ir cair nos mares
.....Onde as espumas têm inveja.

Naquela janela sonhando ao relento
.....Deixei ficar meu coração,
Oh, lua de junho, zombando do vento
.....Cantando a mística canção
.....Do seu amor, cheia de unção
.....E de pesar, como um lamento!

De tarde, que ainda não era o sol posto,
.....O fui deixar nessa janela;
Oh, lua de junho, vieste, e no posto
.....Como uma boa sentinela
.....Achaste-o ainda, que hora aquela!
.....Inda a velar ao frio exposto.

Faz frio. Que importa que gele a neblina
.....Quando se dorme e sonha e esquece?
Oh, lua de junho, se a morte fulmina,
.....O sono as dores adormece!
.....Oh, coração, dorme...
............................................. Parece
.....Que uma mulher o afaga e nina!

PÁSSARO MISTERIOSO

Esta pequena ave, de hábitos solitários, parecida com o canário-da-terra, cujo nome ainda não conheço, tem plumagem amarela, sendo mais acinzentada no dorso, e pernas alaranjadas.
Geralmente não se aproxima de residências, pois é muito esquiva. Prefere florestas densas, mas nunca sobe ao topo das árvores, mantendo-se a uma altura inferior a 2 metros, e às vezes anda pelo chão catando comida.
O que chama a atenção nela é seu canto, mavioso, límpido e muito estridente para o seu tamanho. Quando canta, ergue a cabeça para o alto e abre completamente o bico.
Foi filmada com uma câmera de recurso limitado nas matas da Vereda dos Júlios, Granja - CE.

Quem souber seu nome, favor fazer comentário abaixo ou contatar pelo e-mail: pedrosmagalhaes@hotmail.com