domingo, 30 de agosto de 2009

SAI 3ª EDIÇÃO DE DOLENTES - ALELUIA!


       Enfim, depois de várias promessas, DOLENTES, do poeta granjense Lívio Barreto, é reeditado.
A 1ª edição deu-se em 1897, pelo amigo do poeta Waldemiro Cavalcânti, que a fez atendendo a um modesto pedido seu:

        “O meu livro não tem prólogo e não tenho bem a quem me dirigir pedindo-o, senão a V., que pode com franqueza dizer o que ele vale; assim peço-lhe que continue a sua penitência apresentando esse pobre defeituoso à vida que o espera. A mim e a ele honrarão sobremaneira quaisquer palavras que haja de escrever em suas primeiras páginas. "


        A 2ª edição aconteceu em 1970, comemorativa dos 100 anos de nascimento do poeta, pela Secretaria de Cultura e desporto do Ceará.
Em 1995 - centenário de morte do iluminado simbolista granjense - frustrando várias espectativas, nada aconteceu. Nada.
         Só agora, em 2009, sai a tão esperada 3ª edição de Dolentes, pela Secretaria de Cultura do Ceará. Boa, porém com algumas falhas gráficas, e ainda queremos resgistrar aqui uma outra falha, que ainda poderá ser corrigida: sendo o berço do ilustre cearense, a Granja deveria ter sido contemplada com uma substanciosa partida de exemplares do livro. A Biblioteca Pública do Município recebeu apenas 2 exemplares da obra. Isso é muito pouco. Dois mil livros seriam o ideal para que se fizesse uma boa divulgação da importante obra de Lívio Barreto.
            De qualquer forma, estamos de parabéns, pelo fato da reedição.

Para conhecer, na íntegra, a vida e obra de Lívio Barreto,
entre no endereço abaixo:




domingo, 16 de agosto de 2009

ARTESÃO DE SI - LIVRO DE LIRA DUTRA

Adicionar legenda
No dia 18 de julho de 2009, o Instituto José Xavier, Granja-CE, publicou o livro de poemas ARTESÃO DE SI, de José Lira Dutra.
É uma bela coletânea em que o autor utiliza a poesia como um instrumento de transformação social e como uma sonora lira com que canta o amor à terra natal.
Com textos concisos e quase sempre abstratos, o Artesão de Si nos surpreende, a cada página, com flagrantes do belo fundido e confundido à margem da marcha existencial, colhido apenas por olho de artista, de quem sabe ver/viver/reviver.
O título - Artesão de Si - está profundamente relacionado à profissão de ourives do autor, mas também revela a consciência e a modéstia de quem está se construindo, se modelando, se lapidando... Um bom título!

O poeta avisa, na apresentação do livro, que "Se o(a) leitor(a) busca o lirismo, a métrica ou algo próximo, tenha por certo o desapontamento." Entretanto, podemos encontrar na obra belos poemas de suaves lirismos, como este que segue:

________________________________




ÚL TIMA NOITE DE MARÇO

Hoje a noite está bela, mais bela que outras passadas noites
O céu vago de estrelas tem cheiro de terra molhada
As estrelas estão de portas batidas, enroladas na rede
celestial, sonhando ao canto da chuva que desfia inclinada
pela leveza da brisa que vem do rio Coreaú.
As luzes e a chuva e o céu sem lua alegram a Vereador
Inácio Barcelos com tons amarelados. Eu gosto do amarelo.
Eu gosto da chuva. Eu gosto do céu sem lua. Eu gosto da
rua Vereador Inácio Barcelos com chuva mansa cantando
no telhado.

Enquanto afogo os pés nas tímidas correntes formadas na
rua
Enquanto navego planos em barquinhos de papel
na chuva desfiada do céu sem lua
Pessoas correm, disputam morada em guarda-chuva
Parecem não querer os tons amarelados da noite
Bela perfumada de mormaço
da última
chuva
de
março.

_____________________________________
Artesão de Si é uma boa opção de
leitura. É só ir ao IJX e adquirir a obra.
PARABÉNS, LIRA, PELA ESTREIA NO MUNDO DAS
LETRAS.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

CARTA DE DRUMMOND A UM GRANJENSE



.....Rio de Janeiro, 25 de agosto 1974.

.....Prezado Lívio Xavier,.
.....
Seu livro de recriação do tempo e do ambiente da sua infância teve em mim um leitor interessado e encantado. Por sermos da mesma geração, o que se passou no Ceará do começo do século toca bastante minha memória sensitiva. Fui desde menino um leitor esfomeado de jornais, e acompanhei, com a ignorância dos meus 10-11 anos, a queda dos Acciolys e o governo fugaz de Franco Rabelo, de que a “Gazeta de Minas” dava notícias sob grandes títulos na 1ª página. De resto, um pouco de estilo de viver era comum a todo o País, e os costumes familiares do seu Estado não diferiam muito dos da minha terra. Finalmente, fui, como você e Berenice (amiga a quem muito quero) titular da “Economizadora Paulista”, e acabei liquidando os meus “coupons” que, dada a inflação, perderam o valor... Mas, independente de tudo isso, “Infância na Granja” me agradou pelo que vale como reconstituição do meio social, com isenção e senso de humor.
.....Grato pela oferta do volume, abraça-o cordialmente, com admiração, o

.....

      Esta carta foi enviada pelo magistral poeta Carlos Drummond de Andrade ao granjense Lívio Barreto Xavier, depois que este se fixara em São Paulo e se tornara um jornalista e crítico literário respeitado, a ponto de ser chamado de mestre pelos colegas de trabalho. Lívio publicou alguns livros. É sobre um deles (Infância na Granja) que o poeta mineiro fala.
.....Que maravilha ler Drummond, principalmente quando se refere a um conterrâneo! Afinal, não é qualquer brasileiro que tem em seus alfarrábios uma carta recebida do famoso itabirano.

UM POEMA DE ANTÔNIO EVARISTO*


QUEM SOU EU?

Eu não sou o que vês constantemente
Nesta rotina de mediocridade.
Eu sou outro, bem sei, sou diferente,
Ninguém jamais me viu a identidade.

Porque não sou um só. Sou vários eus:
O que sonha, o que ri , o que blasfema...
Eu sou aquele que não crê em Deus
E o outro que O exalta num poema.

Sou bruto qual o homem das cavernas
E terno e meigo como um passarinho.
Creio que as coisas todas são eternas...
Depois, em nada creio. Sou mesquinho.

Quem sou eu, afinal? Qual o meu nome?
Nem eu nem tu jamais responderemos.
Esta pergunta enorme nos consome...
Eu sou milhões de EUS... não morreremos.


*Este belo poema é de Antônio Evaristo da Paz Sá, granjense,
residente no Rio de Janeiro.

A pintura acima é "Operários" - Tarsila do Amaral


quinta-feira, 19 de março de 2009

MITOTÔNIO E A PANELADA ASSASSINA

Encontramos, na Folha Online (São Paulo), datada de 03/06/2003, a curiosa matéria sobre o lendário jogador granjense, o Mitotônio, que deu nome ao estádio de futebol da Granja. Confira.


“Artigo: Mitotônio e a panelada assassina

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

Mitotônio almoçou panelada - cozido tipicamente nordestino de vísceras de bode - e foi trabalhar. Era 1º de abril de 1951, mais um domingo de sol e calor em Fortaleza.

Durante o expediente, sentiu-se mal e foi levado a um hospital. O diagnóstico: congestão estomacal aguda (ou acúmulo excessivo de sangue no estômago). Mitotônio morreu.

Acontece que Mitotônio era ponta-esquerda do Ceará e formava, ao lado de Hermenegildo, uma temida dupla de ataque. O binômio almoçar panelada e jogar futebol custou sua vida, mas o transformou numa lenda do futebol cearense.

Mitotônio era um cabra chegado a façanhas. Comandou, por exemplo, um show do Ceará contra o Sussex Trader (Inglaterra), clube que excursionou pelo Brasil em 1949. Os ingleses perderam de 16 a 0 numa jornada histórica da equipe brasileira.

Anos antes, em 1942, foi bicampeão estadual num time que tinha como zagueiro central o voluntarioso Vinte e Oito.

Fosse jogador profissional nos tempos de hoje, jamais teria comido panelada antes de uma partida de futebol.

A nutrição assumiu, em todos os esportes, um papel preponderante da década de 90 para cá. E a tendência é que as benesses da boa e adequada alimentação incrementem ainda mais o rendimento de esportistas de alto nível.

É pena que o folclórico Mitotônio não teve a oportunidade de desfrutá-las.

Fonte: www1.folha.uol.com.br/.../ult1419u17.shtml

segunda-feira, 9 de março de 2009

TRAGÉDIA DA PEDRA DA ONÇA

...... A Pedra da Onça é uma grande formação rochosa, localizada entre a Granja e a Sambaíba, em cujo topo há uma bacia que no período chuvoso acumula bastante água, formando uma piscina natural, que recebe o precioso líquido diretamente das nuvens.

.....Lá do alto, tem-se uma vista privilegiada, apesar da sensação estranha que se sente naquele lugar ermo e exótico, principalmente para quem conhece sua história....

.....Conta a tradição que há muito tempo as mulheres dos arredores custumavam lavar roupas à beira daquele belo e insólito reservatório. Com aquela enorme laje, era um lugar ideal para baterem e quararem a roupa ao sol. Certa vez, uma dessas mulheres tendo ido para lá com sua trouxa, estava demorando muito a retornar a casa. Depois de várias horas de espera, seus familiares dirigiram-se até a pedra à procura da lavadeira. Chegando lá, depararam-se com sua roupa completamente estraçalhada, sangue e restos do seu corpo, que eram aproveitados pelos urubus. Logo perceberam claros indícios da visita de um onça, que de lá saíra saciada.

....Desde esse episódio, lavadeira alguma jamais se atreveu a galgar aquela rocha com sua trouxa de roupas. Só os abutres ainda hoje rondam aquele recanto, belo e ao mesmo tempo sinistro, à espreita não se sabe do quê.

domingo, 8 de março de 2009

POEMAS DE LÍVIO BARRETO


POBRE!

Diz essa gente que te vê curvada
Continuamente, ó meiga criatura,
Para o cesto da alvíssima costura,
Que és pobre, e que por isso és desprezada.

Por isso mesmo eu vejo-te acanhada
Entre as outras buscando a mais escura
Penumbra, inútil para tanta alvura,
E pra tanta beleza ignorada.

Ignorada, sim, minha açucena;
Ignorância que me causa pena
E me faz rir ao mesmo tempo, louca!

Pois eu bem sei o quanto és rica, eu sei-o:
Se tens só duas pérolas no seio,
Tens um milhão de pérolas na boca!

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MAGOADA

Corpo de anjo, coração de hiena!
.........................PAULA NEI

Vais desdenhosa e pálida passando
No vitorioso azul da adolescência,
Como uma flor ao sol se estiolando,
Perdendo as cores e perdendo a essência.

Freme teu riso arregaçando a rosa
Do lábio ungido de ironia e dor!
E és sempre a mesma, cândida orgulhosa,
Olhar de hiena, coração de flor!

E hás de viver assim eternamente
Altiva e fria, irônica, impassível,
Alma d'anjo mimosa e recendente
Cedo crestada ao sopro do impossível!

Subiste ao céu no teu amor primeiro
D'onde caíste inopinadamente!
E viste frio, ó coração ardente!
Morrer teu sonho branco e feiticeiro!

Tem o triste gemer das casuarinas
O teu sereno olhar, deusa sombria –,
E a luz crepuscular da nostalgia,
E a majestade de um palácio em ruínas!


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NO CAMPO

I
.....Cai o vento da tarde.
Folhas secas no espaço remoinhando
Lembram bandos de pombas levantando
.....O vôo, de assustadas...

Passam rindo e cantando
Comboieiros além pelas estradas.

.....Na calma do sol poente
Vem sobre os campos uma paz austera.
.....Balam saudosamente
Os rebanhos que descem dos oiteiros;
Correm, saltando, os trêfegos cordeiros
Ao curral que os espera.

.....Dois pombos num telhado,
Alvinhos como a pluma de algodão,
.....Num idílio sagrado
Noivam sob as cortinas da amplidão.

.....É quase noite. O poente
Inda apresenta um luzimento de oiro...
.....Urra furiosamente
No fim da várzea um corpulento toiro,
Moitas torcendo e levantando poeira...

.....No alpendre onde me acho
Passa um morcego e agita, voando baixo,
As duas asas moles como cera...

II

Doiram-se ao longe os cimos dos oiteiros
Aos moribundos raios do sol-poente;
Recolhe o gado ao canto dos vaqueiros,
E os bezerrinhos berram longamente.

A noite desce religiosamente,
Recebem-na as boninas nos canteiros.
E as corujas nas cercas, nos aceiros,
Soltam seus pios, lúgubres, plangentes.

Nos brejos, nos açudes, nas vazantes
Cantam sapos; e, trêmulos, errantes,
Os pirilampos surgem nas encostas...

E entre listrões de púrpura, vermelhos,
A serra é como um homem de joelhos
Tendo um globo de fogo – a luz, às costas
.
.
_________________________________
.
.
O SONO DO CORAÇÃO

Silêncio na rua. Que longa tristeza
.....Paira no ar frio e pesado:
Oh, lua de junho, que incutes tristeza
.....Como um castelo abandonado;
.....Como a visão de um mau passado,
.....Como uma vela ao dia acesa!

Nas telhas das casas distantes, cintilas
.....Pólen de prata do infinito!
Oh, lua de junho, das tuas pupilas,
.....Silenciosa, sem um grito
.....Deixas rolar o pranto aflito
.....Em ondas claras e tranqüilas.

O vento tardio da noite murmura
.....No campanário abandonado.
Oh, lua de junho, tão triste, tão pura
.....No teu roupão aurilavrado,
.....És como um cravo desbrochado
.....No azul monótono da altura.

As aves noturnas, piando, na Igreja
.....Roçam co’as asas nos altares.
Oh, lua de junho, no alto sobeja
.....A luz que deixas, pelos ares,
.....Em flocos, ir cair nos mares
.....Onde as espumas têm inveja.

Naquela janela sonhando ao relento
.....Deixei ficar meu coração,
Oh, lua de junho, zombando do vento
.....Cantando a mística canção
.....Do seu amor, cheia de unção
.....E de pesar, como um lamento!

De tarde, que ainda não era o sol posto,
.....O fui deixar nessa janela;
Oh, lua de junho, vieste, e no posto
.....Como uma boa sentinela
.....Achaste-o ainda, que hora aquela!
.....Inda a velar ao frio exposto.

Faz frio. Que importa que gele a neblina
.....Quando se dorme e sonha e esquece?
Oh, lua de junho, se a morte fulmina,
.....O sono as dores adormece!
.....Oh, coração, dorme...
............................................. Parece
.....Que uma mulher o afaga e nina!

PÁSSARO MISTERIOSO

Esta pequena ave, de hábitos solitários, parecida com o canário-da-terra, cujo nome ainda não conheço, tem plumagem amarela, sendo mais acinzentada no dorso, e pernas alaranjadas.
Geralmente não se aproxima de residências, pois é muito esquiva. Prefere florestas densas, mas nunca sobe ao topo das árvores, mantendo-se a uma altura inferior a 2 metros, e às vezes anda pelo chão catando comida.
O que chama a atenção nela é seu canto, mavioso, límpido e muito estridente para o seu tamanho. Quando canta, ergue a cabeça para o alto e abre completamente o bico.
Foi filmada com uma câmera de recurso limitado nas matas da Vereda dos Júlios, Granja - CE.

Quem souber seu nome, favor fazer comentário abaixo ou contatar pelo e-mail: pedrosmagalhaes@hotmail.com

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

UM POEMA DE DANIELE SAMPAIO*


ACABAR

Escrever poesias sempre me traz constrangimento.
Me sinto cumprindo regras
e assim transgredindo a minha lei própria de liberdade:
Liberdade de sentir.
Dois quartetos, dois tercetos, rimas.
A beleza não está na forma.
O que sinto não vem com forma, não vem com rimas.
O que sinto vem confuso. Não sei se é belo. Belo é sentir.
O momento surge,
tenho ânsia
de cobrir a linha de emoções sentidas, acabar com a linha
como a pólvora corre queimando quando é atiçada.
Escrever é necessidade do instante,
não ligo para formas.
Porque o que sinto é imprevisível e rápido,
como pólvora que queima.
Queimo as palavras para chegar ao fim.
Gosto do fim. Depois do fim nada acaba!
O que sinto não acaba...
A pólvora queima, deixando palavras sem forma como rastro.
*Francisca Daniele Moreira Sampaio nasceu na Granja,
Ceará, aos 13 de julho de 1986. Foi escoteira e música da bandinha municipal da Granja.
Atualmente mora em Sobral, onde cursa Física na Universidade
Estadual Vale do Acaraú – UVA.

UM POEMA DE RAIMUNDO (POMPE) MAGALHÃES


DEUS EXISTE!

Deus existe! Devemos ter por certo.
Seu grande feito a nada se nivela.
Na natureza, qual um livro aberto,
Sua presença em tudo se revela...

Nas alvacentas dunas do deserto;
Nas tormentas do mar que se encapela.
E no infinito pelos céus coberto,
Das criações supremas a mais bela.

Somos irmãos do esterco e do perfume.
Da pedra bruta ao simples vaga-lume;
Do verme informe pelo chão disperso...

Da ave e do musgo à sanguinária fera;
Do que deslumbra ao corpo da megera...
Somos juntos a força do Universo!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

VÍDEO PADRE OSVALDO

Parte da entrevista por ocasião da inauguração da Escola de Ensino Fundamental Pe. Osvaldo Carneiro Chaves, e do relançamento do livro Exíguas, em Sobral-CE.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

DADOS DA GRANJA

DADOS GERAIS

CEP: 62430-000
Distância de Fortaleza: 352,3 km
Tempo estimado de viagem: 5 h 8 min
Vias de acesso: BR-222/CE-362
Região administrativa: 4
Localização: microrregião de Camocim e Acaraú
Municípios limítrofes: Bela Cruz, Barroquinha, Camocim, Chaval, Marco, Martinópole, Moraújo, Senador Sá, Tianguá, Uruoca, Viçosa do Ceará (e estado do Piauí)

GEOGRAFIA

Área: 2.687,20 km²
Latitude: 3° 07' 13''
Longitude: 40° 49' 34''
Clima: Tropical quente semi-árido brando e Tropical quente sub-úmido com chuvas de janeiro a maio
Relevo: Glacis pré-litorâneas e Planície litorânea
Vegetação: Complexo vegetacional da zona litorânea, Cerrado e Floresta caducifólia
Precipitação pluviométrica: 1.032,9 mm (média histórica)
Recursos hídricos ( 2007): açudes Gangorra, Chaval, Parazinho, Rianchinho e 59 poços

DEMOGRAFIA

População estimada (2007): 51.410
População (2000): 48.484
População Urbana (2000): 22.564
População Rural (2000): 25.920
Densidade Demográfica (2000): 17,98 hab/km²
Taxa de urbanização (2000): 46,54%

ECONOMIA

PIB ( 2005): R$ 85.333.000
Agropecuária: 17,01%
Indústria: 10,39%Serviços: 72,60%
Receita Orçamentária (2007): 39.483.530,13

EDUCAÇÃO

Taxa de alfabetização (2000): 50,2%
Taxa de escolarização no ensino fundamental (2007): 97,8%
Taxa de escolarização no ensino médio (2007): 45,8%

POLÍTICA

Eleitores (2006): 32.049
Perfil dos eleitores (2006):
Masculino: 16.216
Feminino: 15.737
Não informado: 96

Fonte: http://www.ceara.gov.br/ceara/municipios-cearenses

domingo, 25 de janeiro de 2009

UM POEMA DE AGENOR BEVILAQUA


POEMINHA PARA VARIAR

Chego aos avançados oitenta e oito,
ainda a fazer versos bem disposto.
Há quem faça versos bem melhores;
os meus, porém, com rimas, não são dos piores .
Sou incansável e persistente buscador da beleza,
a ela chegando com elegância, graça e certeza.
Diversificar é um verbo por mim apreciado;
o mesmismo, em minha vida, só tem me desagradado.
Ser muito carinhoso é bem minha maneira
de paquerar a encantadora mulher brasileira.
Não pensem que eu não gosto da francesa;
uma delas, boazinha, é para mim minha princesa.
De me julgar, leitor, não tenha pressa;
será sempre amena e boa minha conversa.
O mais belo e amado nome de mulher é Maria;
a mais linda delas amei tanto quanto podia;
mandei-lhe uma mensagem por um passarinho,
pedindo-lhe que viesse aquecer meu ninho.
Nas minhas noites mal dormidas e de insônia
muito eu penso em como defender a Amazônia.
Quatro anos tem minha bisneta Isabella,
que tanto me encanta tudo que vem dela.
A outra, sua irmã, garota linda, Giovanna,
me disse um dia destes: Vô, você é um bacana.
Ama tua mulher, filhos, netos e bisnetos,
usando assim, apropriadamente, os teus afetos.
Louvando o Brasil, e que tem minha concordância,
Olavo Bilac disse: -Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste;
Compatrícios; Não existe no mundo, tão bom, outro país como este.

(o às vezes poeta AB)

* * * * * * *
Por aqui você pode visitar o blog do Sr. Agenor Bevilaqua, intelectual granjense, residente em São Paulo, e veja textos interessantes relacionados ao município de Granja.

Clique no link abaixo:

http://omundoqueeuvi.blog.com

INSTITUDO JOSÉ XAVIER


Conheça o Instituto José Xavier, que vem mostrando sua importância na preservação da história do município de Granja.

Clique no link abaixo:

http://institutojx.tripod.com/

IGREJA DO PARAZINHO - GRANJA-CE



A Igreja de Nossa Senhora do Livramento, no Parazinho, com suas cores antigas e novas.
O que você acha da mudança?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

UM FENÔMENO DA NATUREZA


Carnaubeira de 8 galhos, uma anomalia rara, na localidade de Urtiga, Granja-CE. Observe, porém, que 2 galhos já foram quebrados, restando apenas 6.



Uma correção: Fiquei sabendo que a Urtiga, supracitada, fica, na verdade, no município de Camocim. Perdão aos camocinenses...


Mas fotografei, hoje mesmo(15-03-09), outra carnaubeira também de 8 galhos. Desta vez todos intactos e no município de Granja, na localidade de Angicos, perto do Veado Bravo.

Confira as fotos.





Veja detalhes abaixo:



domingo, 18 de janeiro de 2009

UM POEMA DO PADRE OSVALDO CHAVES*


A GRANJA DOS SÉCULOS

A Natureza, enamorada, um dia,
Pôs um beijo de amor e simpatia
Na face do sertão.
E esse beijo fecundo fez brotar
Entre as brisas do mar e o fogo do deserto
- Granja - o pátrio rincão.

E hoje, a fim de observá-la,
Detenho o passo, absorto viajor:
A terra é boa. A natureza é bela.
Contemplo-a em derredor:
O rio!...
Olha também:
Também o rio
Represou na Barragem para vê-la.
Mas vê-la é enamorá-la, e o rio não sabia.
É vassalo, é escravo do oceano,
Não pode demorar-se.
Fita-a por um momento.
E, de despeito,
Precipita-se do alto da parede,
Como o rio do poeta, e cai desfeito
Em vísceras de espuma e de arco-íris.
Um escravo não desposa uma rainha:
Na dor da frustração, em ondas multifárias,
Tristonho e saudoso vai seguindo
Seu destino de águas tributárias...
Para a rainha - um rei!
O mar é um rei.
Mas, feroz e sombrio,
Um tigre de ciúmes,
Tem ciúmes do rio.
Por isso,
Desde mais de dois séculos, vem,
Sorrateiramente,
Duas vezes por dia impreterivelmente,
Para ver a cidade dos seus sonhos.
E, na doce viagem,
Traz-lhe sal, e traz peixe, e traz conchinhas,
E um abraço de posse, largo, de oceano...

E a cidade, tão meiga e conjugal,
Sorri-se ao mar.
E em resposta aos carinhos
Cochicha-lhe, talvez, uma promessa em segredo.
E o mar vai-se de novo, e ela pensa no mar...

Pensa. .. Mas pensa mais nos seus filhos,
Vive mais para eles.
E, se um deles morreu,
Silente e lacrimosa sobe a sepultá-lo
Ali perto, bem alto, numa esplanada de outeiro,
Porque quer vê-lo já perto do céu.

E eu vejo agora a Granja do passado,
Redivivo, glorioso, retratado
Num cenário de sonho.
Silêncio.
A noite é tropical. O luar é lindo.
E a cidade parece
Uma virgem de mármore dormindo.
O espírito de Lívio vagueia
A vigiar-lhe o sono.
Eternizado em seus vinte e seis anos
Lívio Barreto, pálido, romântico,
Passeia pelas ruas
Vendo em cada janela os cravos brancos
Que as mãos dolentes da prateada lua
Derramam em profusão.

E o poeta vai clamando. ..
Eu o ouço ainda clamando: .
Umbelina! Umbelina! Estela, Estela!
Sonho de adolescente, sonho vão. . .

Agora,
Somente agora é que o poeta colhe
Os seus
brancos soluços de alvorada,
Os cravos brancos que plantou no coração
.

Silêncio para dor.
Meu poeta, silêncio: a Imortalidade
É a tua Verônica...

Há um sussurro de notas, um tropel de acordes,
Trêmulo, soluçante, irradiando
Das paredes que foram Filarmônica.
A lua
Continua
Como prata.

O vento,
Sonolento,
Açoita e zine.
O espírito melódico de Ciarlini
Pulverizou-se em luz, pulverizou-se em sons,
Encheu de fosforescências a alma desta terra,
E Granja adora a música.
Beethoven, Rubinstein, Debussy
E Tchaikovski ainda agora
Têm cultores aqui.
O frêmito dos teclados dos pianos
É uma mediunização.
O saxofone lânguido da esquina,
Com o boêmio violão das serenatas,
É vida, é organismo, é evolução.

E os tamarindos velhos, ah! se eles falassem!
Recordações
De infâncias dos tempos que volveram
Trepam-lhes pelos galhos
E enroscam-se nos troncos
Que as brisas livres dos séculos enegreceram.
O nosso avô menino...
O nosso bisavô...
Paula Pessoa, o Senador...

E o Pessoa Anta
Brincando à sombra deles aguçava
Os instintos de libertação da grande Raça
Para a Confederação do Equador:
"Soldados, apontar! Certeiro ao coração!"
E Granja ia escrevendo a pátria História,
E o Padre Mororó, rolando no Passeio,
Contava para a glória
Um companheiro igual.

Maior que isto, ó Granja, só o grande ideal
De tua religião.
Retas como a verdade,
As torres da Matriz são dois braços alçados:
Um marcando o tempo
E o outro nos apontando a eternidade.
São as torres dois braços levantados
Para o céu,
Em prece vertical.
E o sino badalando é uma grande harpa eólia,
Um tenor de metal.
Um badalo sorrindo
Diz adeus a um anjinho.
Um badalo chorando
Anuncia angustiado...
Era pai e morreu. Era mãe e morreu.
Era irmão, era filho, era esposo e morreu...
Bem... muito além... Bem... muito além...
No céu nos veremos, no céu nos veremos...
Um badalo cantando,
Um badalo chorando,
Um badalo chamando
Para os pêsames,
Para a prece,
Para o amor
E para as núpcias.
Noitários, procissões e a alvorada das bandas...
Vejo o padre Galvão e Vicente Martins:
Almas de impávidas Vestais, almas irmãs,
Guardam o fogo sagrado
De cultura e de fé das gerações cristãs
De cem e mais cem anos.
Granja de um,
Granja de dois,
Granja dos séculos!
Debaixo deste céu tão azul e tão puro,
A minha musa ingênua de criança
É hoje uma canção de inteira confiança
No teu futuro!

Boa terra,
Minha musa criança é hoje um hino
De gratidão a ti:
Granja dos carnaubais, Granja de São José,
Foi no teu seio que eu primeiro
Amei a terra, reconheci a Raça e exercitei a Fé.

Granja de gente boa,
Foi em ti que aprendi a confiar no Povo
Cuja voz de trovão reboará em ecos
Dentro da História, eternos, no porvir.
Granja no Brasil
E a Pátria pelos séculos!

Granja, 30.08.1957


*Pe. Osvaldo Carneiro Chaves nasceu a 21 de outubro de 1923, no sítio Angelim, distrito de Sambaíba , município de Granja, Ceará. Filho primogênito de Manuel Chaves Fernandes e Maria Carneiro Chaves.

Compôs, aos 17 anos, os versos que mais tarde seriam a letra do hino do município da Granja.

Criador de um vasto acervo poético, permite, em 1985, que publiquem o livro Exíguas, lançado em 1986 e relançado em 2007, acrescido de nonos poemas.

UM POEMA DE CHICO BORBOLETA*

VIVA A CARNAÚBA

Apelo ao homem do campo,
Ao amigo agricultor,
Que não mate a carnaúba
Porque ela tem valor!
Pois respeite a natureza,
Aquilo que Deus deixou.

Entre todas nossas árvores,
Para mim, ela é a rainha:
Da palha se faz a saca
Pra botar feijão e farinha;
Da mais curta se faz ripa
E a mais comprida dá linha.

Se a cortarem ainda verde,
Eu sei que o sertão se arrasa.
Só cortem as que estão secas
Pra fazerem nova casa,
Que a mão que mata o verde
Muito na vida se atrasa..

Zelemos o carnaubal,
Que ele sente-se feliz.
É o progresso do interior,
Como todo mundo diz...
Seu olho vai pro chapéu
E a cera ao sul do país.

Dá emprego ao camponês
Durante todo o verão.
O caroço engorda o porco,
A bagana aduba o chão.
E a safra da carnaúba
Já virou uma tradição.

E dá sombra aos animais
Nas horas quentes do dia.
Vende-se a vassoura ou pó
Em qualquer mercearia.
As raízes dão garrafada
Que a mulher adoentada
Bebendo fica sadia!


* Francisco Pereira de Paula, mais conhecido por Chico Borboleta, nasceu em 07 de maio de 1966, na localidade de Tabuleiro do Altino, Granja – CE. É filho de Benedito Guilherme Pereira e de Neuza Chagas de Paula.
Cursou Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

sábado, 17 de janeiro de 2009

SÍMBOLOS DA GRANJA - HINO


HINO

Letra: Pe. Osvaldo Carneiro Chaves
Música: Joaquim Carneiro Magalhães

Quando o sol rasga a bruma da alvorada
Descobre entre perfumes e verdores
Um berço de cortina aurinevada
Coberto por dossel de lindas cores:
É Granja que nas margens situada
Do Rio Coreaú, plena de amores
E de encantos diz ser a pátria amada,
Mãe querida que acalma as nossas dores.

Granja de Lívio Barreto,
Rica terra abençoada:
Em teu seio é doce a vida,
Terna mãe, Granja adorada.

Teu seio é para nós o de mãe pura,
Alenta-nos na dor e na amargura
E dá-nos o calor de ternos ninhos.
Sentimo-nos felizes, berço amado,
Debaixo deste céu sempre azulado,
Cobertos pelo véu de teus carinhos.
Granjenses, pela glória do Brasil,
Lutar, lutar com fogo juvenil!


Granja de Lívio Barreto,
Rica terra abençoada:
Em teu seio é doce a vida,
Terna mãe, Granja adorada.

SÍMBOLOS DA GRANJA - BRASÃO







BRASÃO

SÍMBOLOS DA GRANJA - BANDEIRA







BANDEIRA

GRANJA: TENDA DE GRÃOS

UMA SÍNTESE DA ORIGEM DA GRANJA

Este imenso território, do qual faz parte a nossa Granja, era habitado por diversas tribos indígenas: eram Tabajaras, Coansus, Tremembés, Anacés, Arariús...Vivendo basicamente da caça e da pesca, das serras às praias, eles eram os senhores absolutos dessas terras.
Depos, piratas europeus começaram a penetrar pelo Rio da Cruz a fim de praticar, com os aborígines desta ribeira, o escambo, que era a simples troca de mercadorias. Os forasteiros ofertavam ferramentas e objetos de uso pessoal, no que os índios retribuíam com madeiras, animais, pássaros e outros produtos nativos.
Com a chegada dos padres jesuítas, há mais de três séculos, alguns chefes Tabajaras, juntamente com os jesuítas sob a liderança do Padre Ascenso Gago, introduziram na ribeira a pecuária bovina, que teve bastante sucesso.
Em fins do século XVII, navegantes luso-brasileiros penetranvam pelo rio Coreaú, agora para praticar o comércio com os nativos. Assim, mais tarde, foi fundado um pequeno porto mercante à margem esquerda do rio Coreaú, que ficava a três quilômetros abaixo da atual Granja.
Mais tarde aquele local passou a ser chamado de Oficinas, por ser utilizado para o abate de gado, preparação da carne de charque e seu embarque para exportação.
Documentos antigos comprovam que, por aquela época, já existia, no local onde hoje se situa a cidade, uma pequena aglomeração de moradias: era, na verdade, o embrião da Granja. Uma pequena aldeia à margem esquerda do rio Coreaú.
Chamava-se aquela povoação de Santa Cruz do Coreaú e Camocim que, com a chegada de povoadores brancos, começou a prosperar. Isso despertou o interesse de povos e mais povos brancos, e também de indígenas, que migravam de outros recantos desta região em busca de um lugar mais desenvolvido, onde tivessem melhores condições de vida.
A partir daí, o povoado passou a chamar-se Macaboqueira. A origem desse vocábulo tem apresentado divergências. Para alguns historiadores, Macaboqueira quer dizer - maus caboclos -, numa referência aos imigrantes nativos, que eram considerados homens maus pelos brancos. Já para outros, o topônimo vem de macabacuera, que da língua indígena traduz-se palmeira velha (macaúba ou macaba: palmeira - cuera: velha).
Um daqueles colonos, o donatário de nome Vicente Ribeiro, doou o patrimônio da Igreja Matriz. Começou, então, a originar-se ali, ao redor de sua fazenda, uma povoação. Era a Aldeia de Santa Cruz, a célula inicial da Granja, cidade da qual é considerado fundador.
Muitos foram os povoadores importantes que contribuíram para o progresso daquela aldeia que, em 27 de junho de 1776, foi elevada à categoria de Vila com o nome definitivo de Granja.
Aquele aglomerado perdurou 78 anos na condição de vila. Somente em três de novembro de 1854, através da Lei Provincial nº 692, foi elevado à categoria de Cidade, sendo governador da Província do Ceará o padre Dr. Vicente Pires da Mota.
O nome Granja, que significa sítio, fazenda, é uma homenagem à Freguesia de São Brás da Granja, distrito de Évora, em Portugal, país de onde vieram muitos dos colonizadores desta terra.
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A palavra GRANJA vem do latim - granea - derivada de granum = grão. Inicialmente era apenas o lugar onde se recolhiam e se tratavam os grãos (milho, cevada, trigo, arroz, feijão...), depois passou a significar herdade, sítio, fazenda.
Termos cognatos: granjeiro e, por extensão também, granel, granjear e até granito.
Palavras correspondentes em outras línguas:
Inglês: Chicken
Espanhol: Granja
Francês: Ferme
Italiano: Casscina
Alemão: Hühnerfarm

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PONTE SOBRE O RIO COREAÚ - GRANJA-CE

Ponte metálica, ao anoitecer:

uma maravilha do século XIX.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

LÍVIO BARRETO - Poeta granjense

ESPERA E CRÊ

Meu amor, meu amor! A nossa estrada
Como é cruenta! Como é dolorosa!
Só nossa crença guia-nos, e nada,
E nada mais, ó minha pobre rosa!

Do horizonte na bruma silenciosa
Não aparece a estância alva e sagrada
Que há de guardar tua alma carinhosa
Como um ninho uma pomba fatigada.

Pálida e triste, angélica e franzina –
Fitas o olhar na solidão imensa
E o desalento enubla-te a retina.

Espera e crê! Por entre a treva densa
Há de brilhar a estrela peregrina
Que há de guiar-nos pelo azul suspensa...